15.9.17

O artista como colecionador



Lembro-me de uma palestra do ilustrador Gémeo Luís nas conferências do Farol de Sonhos (2006), em que o ilustrador dizia que das primeira coisas que pedia aos seus alunos era que lhe contassem qual era a “tara deles”. O auditório encheu-se de gargalhadas. E o orador continuou muito sério, a explicar que tinha de perceber o que “mexia” com aquele aluno e que sem essa “tara” dificilmente se conseguia criar. Ou pelo menos é a memória que eu guardei desta conversa! (Outro óptimo tema para escrever, a memória.)
A verdade é que todos os artistas, ilustradores e designers que conheço têm esta obsessão, ou melhor, dizendo uma coleção de obsessões. 
Há tempos vi uma excelente palestra do TED, “Teaching art or teaching to think like an artist?”, onde Cindy Foley fala sobre o seu marido, artista, e como ele vive assoberbado por estas fixações no desenvolvimento do seu trabalho, e a maneira como ele cria ligações entre temas. Cindy Foley explica que a obsessão do artista, é sobretudo a obsessão pela pesquisa, pela investigação. O modo artístico de pensar provoca ligações e conexões sobre diversos tipos de conhecimento, sendo esta, para mim, a sua faceta mais interessante.



Ou como uma amiga diz, "eu adoro aquele artista e vivo completamente obcecada pela sua música, ouço todos os álbuns, todas as músicas, depois começo a procurar fotografias, encontro as suas inspirações, os seus amigos e começo a ficar fascinada por estas novas pessoas, que nunca iria conhecer se não tivesse ficado obcecada por este artista, e o ciclo recomeça!". Quem nunca? E o mesmo é válido para a pintura, a literatura, assim como a investigação. 

Caixas de fotografias





Boards do Pinterest




No meu trabalho, o meu modus operandi passa pelo registo, pela coleção, pelo arquivo; sou uma colecionadora, guardo tudo o que encontro, que vejo e que me pareça conceptualmente ou visualmente interessante. Recorro ao colecionismo de imagens e textos, assim como ao questionamento e moldar de memórias. Faço também recurso a leituras e imagens de jornais e revistas, bem como material recolhido da internet.
O arquivo é a fundação de todo o meu trabalho, está sempre a ser constantemente consultado, criado e editado. A minha coleção de obsessões vive nos meus cadernos, nos recortes, na minha caixa de fotografias e no pinterest, assim como em muitas pastas no computador.
Para quem é vidrado em cadernos e nesta ideia de recolher memórias, o trabalho desenvolvido pela designer Jessica Helfand é fascinante. Deixo este video sobre o livro "Scrapbooks" da autora.




E vocês, quais são as vossas “taras”?

Também são colecionadores? Onde guardam as vossas coleções?

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@Todos os direitos reservados Silvia Rodrigues


8.9.17

TOP 5 dos materiais que não vivo sem







Olá pessoas bonitas da internet! Hoje quero falar-vos do meu processo de trabalho, assim como introduzir-vos no espaço atelier. Nem sempre é arrumado, muitas vezes é bem confuso, há mesmo dias em que vemos tinta e pó de carvão por todo o lado. E dia sim dia não, lá saio para a rua com as mãos e os braços cheio de tinta. Setembro é o mês de recomeços, e sobretudo o mês de volta às aulas. Ou seja, compra de novo material escolar. Que melhor desculpa para vos escrever sobre os materiais artísticos sem os quais não posso viver? Se há coisa que eu adoro, é aprender mais sobre materiais e saber que materiais são escolhido por outros artistas.

Eu não posso viver sem…


1. Lápis de grafite e carvão

Exemplo do uso de lápis de carvão na banda desenhada  "Canários" publicada na Mesinha de Cabeceira #23 pela editora Chili Com Carne







Os lápis de grafite, assim como os de carvão, são o material com que tudo começa, e muitas vezes acaba! Desde esboços a trabalhos completos, os lápis estão sempre presentes em todo o processo criativo. Durante muitos anos, foram o meu material artístico de eleição. Há muitas razões para tal, os lápis de grafite, assim como os de carvão, são muito versáteis, expressivos e transportáveis! 
Tenho lápis de muitas muitas marcas, e confesso que adoro experimentar todas as novidades que surjam no mercado.
Aqui na fotografia vêem lápis da Derwent, da Staedtler e Hahnemuehle.



2. Tintas

Exemplo de um trabalho a aguarela "Heroine" (2017) faz parte da série de 6 trabalhos desenvolvidos para a exposição colectiva #GENDERBENDER na Ó!Galeria






Outra perdição, e causa provável de muitos euros gastos, tintas! Quem conhece as minhas ilustrações sabe que trabalho sobretudo com acrílicos, mas também aguarela e tinta da china. Na imagem temos duas caixas de aguarelas, a branca é da marca White Nights e a caixa de metal é genérica, comprada no eBay, com pastilhas da marca italiana Zecchi (a primeira é uma recordação de uma viagem às Caldas da Rainha e a segunda da minha viagem pelo norte de Itália. Quem mais traz material artístico como souvenir dos seus passeios? Sou só eu?). Sobre os acrílicos, utilizo várias marcas, mas tenho três favoritos até ao momento, Schmincke, Amsterdam da Royal Talens e (acabados de testar e a amar! com entrada directa no top 3) Sennelier Abstract. Na fotografia está ainda uma tinta permanente Platinum Carbon Ink que ando a testar há alguns meses na caneta Lamy. Estou a gostar muito.



3. Pastéis de óleo


Quadro pintado a acrílico onde o uso do pastel de óleo é bem visível, "Tu serás a minha morte" (2016)





Mais um material que está muitas vezes presente no meu trabalho. Já testei muitos pastéis de óleo mas, hoje em dia, só uso estes dois: Sennelier e Neocolor II da Caran d’Ache. São pastéis com resultados muito diferentes, mas óptimos de trabalhar.



 4. Pincéis








Tenho muitos muitos pincéis, alguns já com mais de dez anos (!), por isso digo que compensa comprar bons materiais e cuidá-los o melhor possível. Claro que adquiri pincéis de óptima qualidade, mas também pincéis mais fracos; tudo de depende do fim para que vão ser utilizados. Aqui na primeira fotografia, estão apenas uma amostra. 
Na segunda fotografia acima, estão os pincéis mais usados, de momento. Dois pincéis com reservatório, um da Pentel com água e outro da Kuretake com tinta da china. Estes dois tendem a andar sempre comigo na mala. Os pincéis na direita são um Da Vinci Petit gris 0 e um Kolibri Sqi Line 2/0, é um sable blend dagger. Comprei-o depois de ver a Liz Steel pintar com um similar, também dagger, e estou a adorar, porque permite muita versatilidade na linha, assim como mantém muita água nos pêlos. 


Exemplo das diversas linhas possíveis de criar nesta ilustração da série "Linguarudas"(2017) , L#7.

 5. As ferramentas que não vivo sem




E aqui está o TOP 5 de materiais artísticos que não vivo sem. Se quiserem que fale mais sobre algum material em especifico, ou se quiserem saber como utilizo determinado material, digam-me nos comentários! 

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